Residente Jonas Nepomuceno escolheu a área de geriatria para realizar seu estágio optativo
06:21:00Relatório de estágio optativo: Jonas Nepomuceno
Local: Casa
Gerontológica da Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes Hospital Naval Marcílio
Dias (CGABEG)
Período: abril de 2016
A CGABEG é conhecida, no município do Rio de Janeiro,
por se tratar de uma instituição de longa permanência para idosos relacionada à Força Aérea e
sob atenção de médicos geriatras. Associada a esses, atua uma equipe
multiprofissional em várias esferas de cuidado, desde profissionais de
enfermagem e técnicos, até fisioterapeutas, fonoaudióloga, terapeutas ocupacionais,
musicoterapeuta, educador físico e acupunturista.
A Casa também recebe residentes de Geriatria que dividem o tempo com o
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, onde rodam no ambulatório sob
supervisão da Dra. Cláudia Abreu, dentre outras. Atende no máximo de cem
pacientes moradores, sob supervisão de uma equipe de plantão, coordenada por um médico
(normalmente um médico tenente da Aeronáutica) e usualmente um cuidador que
auxilia nas atividades diárias. Tanto as despesas do cuidador, como da estadia
da Casa, assim como de alguns profissionais de saúde que não podem ser
oferecidos pela Casa são encargo da família.
O médico responsável, Dr. Daniel Azevedo, orientou-me, antes de nos
conhecermos pessoalmente, que fizésse uma parte com conteúdo de ênfase predominantemente
teórica na CGABEG e que complementasse a parte prática no Hospital Marcílio
Dias, orientado principalmente pelo Dr. Victor Arruda. No Hospital Naval
Marcílio Dias, o contexto é serviço a oficiais e familiares da Marinha
brasileira, em um hospital terciário com ampla disponibilidade de recurso para
exames de imagem, métodos cirúrgicos e especialidades focais.
O departamento de Geriatria, chefiado pela Dra. Fabiana Filippo, é
composto por quatro médicos de forte teor assistencial. Nos ambulatórios à
tarde, são em média de oito atendimentos de acompanhamento; de manhã, em média,
cinco atendimentos de primeira vez (em uma espécie de AGA fortemente adaptado
para somente consulta médica com história familiar e pessoal pormenorizada,
algumas avaliações como MEEM, TFV e EDG), além de avaliação constante dos dez
pacientes idosos internados no oitavo andar, no 4pm, mais alguns outros leitos
em outros sítios excepcionalmente. Ademais, pareceres da geriatria são
solicitados dos cinco médicos a todo instante: do Rafael, da Raquel, do Vitor,
da Ariette e da Fabiana Filippo, chefe de departamento.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
- Discussão:
Sobre os temas:
- avaliação inicial de queixas cognitivas, síndrome da fragilidade
- do idoso, tontura no idoso, delirium, depressão no idoso (síndrome e
tratamento), incontinência urinária de esforço e de urgência, prevenção
de
quedas em instituição de longa permanência, conforto em cuidados
paliativos,
· musicoterapia em pacientes com Parkinson e
Alzheimer segundo Oliver Sacks;
- Aplicação das escalas e avaliações mais utilizadas na rotina: Katz, TFV, Lawton, EDG, MEEM, Relógio separadamente em comparação, das mais usadas;
·
Sessão do filme “ Iris ” (2001) para introdução da discussão
das fases de Alzheimer com discussão ampla sobre demência leve, moderada e
severa, perda do s elf, síndrome do cuidador, sintomas
comportamentais e características da obra da ficção em relação a realidade,
além de qualidades da vida de uma mulher de vida ímpar ao longo da narrativa em
duas idades.
·
Comparecimento à sessão de Geriatria com discussão de artigo às
terças-feiras feito no nono andar do HUCFF, trazido pelas residentes de
geriatria, e médicos geriatra que os supervisionam;
HNMD
· - Acompanhamento do ambulatório com três geriatras diferentes, com
discussão dos artigos nas tardes de ambulatório;
· - Acompanhamento das enfermarias, com procedimentos em feridas de úlcera
por pressão em pacientes internados, em cuidados feitos pelo Geriatra mais do
que pela Cirurgia Vascular, devido a disponibilidade de recurso humano;
CONCLUSÃO
O atendimento na atenção primária envolve o cuidado ao idoso e à
estrutura familiar em larga escala, e não é novidade que a geriatria e a
medicina de família e comunidade se entrelaçam na questão do vínculo e na
atenção centrada à pessoa (e não ao doente). Vale a pena ressaltar que assim
como a medicina de família, geriatria é uma especialidade, com um número
incontável de variáveis, desde especificidades das escalas de avaliação de
atendimento, até estudos da patofisiologia das demências e as caspases. Desde o
Manual dos Cuidados Paliativos, até o manual de terapia subcutânea que sairá
nesse ano para terapia, o nosso Duncan e Tratado de MFC analogamente também se
reverte no Tratado de Geriatria e Gerontologia com valor inestimável. O
tratamento do fim da vida transborda questões médicas do sódio e do potássio e
envolvem discussões sobre prevenção quaternária, polifarmácia, discussões
sempre presentes no WONCA e AMFAC, congressos de Medicina de Família. As
relações interfamiliares e a conduta com estruturas de difícil manejo são
realidades que mudam diametralmente a narrativa do paciente ao longo de um
cuidado contínuo, situação ímpar, porém comum a ambas especialidades, com
estudos e conhecimentos sobrepostos, com muito a dialogar, trocar, adicionar
uma a outra, com respeito e aprendizado.
1 comentários
Parabéns pelo envolvimento no estágio. Tenho certeza que essa vivencia trará muitas ferramentas para seu dia a dia como Médico de Família e Comunidade.
ResponderExcluir