Residente Ariadne de Oliveira e Sá realiza eletivo com população ribeirinha, Pará
06:16:00
A residente Ariadne de Oliveira e Sá da Clínica da Família Estácio de Sá realizou seu estágio optativo em Santarém, no Pará. Acompanhe abaixo o relato da experiência:
Residente: Ariadne de Oliveira e Sá – R2 –
Clínica: Clínica da Família Estácio de Sá
Período: Fevereiro de 2017
Local: Alter do Chão –
Santarém, Pará
Durante o mês de fevereiro tive a
oportunidade e o privilégio de desenvolver diversas atividades em Alter. Fiquei
lotada em uma Unidade de Saúde da Família, que funciona de segunda a sexta das
07:00 h até o último paciente. O acesso é aberto, ninguém vai pra casa sem ser
avaliado. O perfil populacional é bastante heterogêneo: População ribeirinha,
indígena, comunidades rurais, turistas, todos são acolhidos na unidade.
A rotina de atendimento foi bem
intensa. A vila toda tem apenas esta unidade e uma unidade de pronto
atendimento que funciona 24 horas, porém tem grande carência de médicos,
funcionando a maior parte do tempo apena s com equipe de enfermagem. A USF
assume, desta forma, o papel de unidade de atendimento e encaminhamento de
emergências de média e alta complexidade também. Na primeira semana recebi um
paciente em provável síndrome coronariana aguda e precisei removê-lo para
Santarém (40 minutos de Alter).
Apesar das condições adversas no
que diz respeito à infraestrutura e recursos humanos, a unidade funciona como
uma unidade escola e a oferece uma gama extensa de serviços. Há internos da
UEPA, residentes da USP e a preceptoria é de excelência máxima. Realizamos
diversos procedimentos, agulhamento a seco (dry needling e eletro dry
needling), DIU, entre outros serviços. Uma vez por semana, a equipe
realizava ação comunitária. A vila de Alter do Chão se localiza à beira do Rio
Tapajós, um dos lugares mais lindos onde já estive, com uma grande concentração
de turistas. Afastando-se um pouco de Alter havia as comunidades rurais (Santa
Rosa, São Raimundo, São Pedro, entre outras), em situação de maior vulnerabilidade
socioeconômica e condições sanitárias preocupantes. Nesses dias, deslocávamos
equipe e equipamentos para essas localidades e improvisávamos uma “clínica” nas
escolas. Atendíamos a toda a comunidade e realizávamos visitas domiciliares.
Numa dessas comunidades (São Raimundo) foi identificada um número crescente de
casos de ancilostomíase. Tive a oportunidade de conversar com duas engenheiras
ambientais que estão envolvidas em um projeto de educação e promoção em saúde
em Oriximiná (também no Pará) que prevê a capacitação da população para a
construção de fossas sépticas e tive contato com problemáticas em saúde que
nunca havia tido e tive um grande aprendizado.
Supervisionando as consultas dos internos pude identificar problemas frequentes relacionados à saúde materno-infantil que me motivaram a
criar um grupo de mulheres para discutir questões sobre aleitamento,
maternidade, saúde da mulher/ saúde mental , autocuidado, empoderamento
feminino e comunitário, entre outros assuntos. O encontro foi muito proveitoso,
tivemos a participação da enfermeira da unidade e de três ACS. Houve um momento
muito rico de escuta das experiências das mulheres e muita troca. Nessa ocasião
havia também uma residente do terceiro ano de pediatria da USP que participou do
encontro tirando dúvidas e orientando as mulheres sobre diversas questões que
foram surgindo ao longo da conversa.
Estive em Oriximiná junto com a
preceptora em uma oficina de capacitação dos profissionais do programa Mais
Médicos em Leishmaniose e Toxoplasmose na Gestação. Além do aprendizado teórico
com a oficina, foi um encontro muito interessante, pois pude ouvir os relatos
dos médicos cubanos que trabalham na região, em áreas indígenas, quilombolas e
de muito difícil acesso, suas preocupações, dificuldades e como eles fazem para
superá-las e oferecer qualidade aos seus pacientes. Ainda em Oriximiná fui convidada a participar
de uma oficina de fitoterapia e etnobotânica no campus da UFOPA.
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